quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Ganhei meu olho novo!




Viram as fotos aí em cima? Foram tiradas hoje, depois que eu fui à ótica pra colocar meu olho biônico. Não fiquei lindo? Só não gostei mais porque meus pais não deixaram eu colocar olho azul! Depois desse presente, a gente tinha que sair pra comemorar, né? Fui jantar fora com meus pais, o vovô, a vovó, meus irmaos e meus tios. Hoje e aniversario de casamento dos meus pais, mas quem ganhou esse presentao ai fui eu!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Natal


Já faz uns dias que eu não venho aqui, mas não é falta de vontade, não. É falta de tempo mesmo! Agora que meus irmãos, meus avós maternos e meus tios estão aqui, quase não tenho tempo pra nada. Toda hora é festa e passeio!

O Natal foi bom demais. Claro que senti falta daquela festona, com toda a primalhada reunida na casa da Teté, mas fiquei feliz e emocionado com a presença das pessoas que mais me amam aqui em São Paulo. O Papai Noel deve ter chegado à conclusão de que fui mesmo um bom menino esse ano, porque além de me dar saúde, me encheu de presentes!

E amanhã vou ganhar mais um: meu olhinho "biônico", novinho em folha! De manhã cedinho vou pra ótica com meus pais e já saio de lá exibindo meu olho novo! Assim que chegar quero botar uma foto aqui pra vocês verem como vou ficar ainda mais bonito!

sábado, 22 de dezembro de 2007

Gêmeos, mórbida semelhança


Vocês prestaram atenção na foto aí em cima? Eu e meu irmão Zé Luiz estamos cada dia mais parecidos! Desde que ele chegou aqui, toda hora alguém confunde a gente. No hospital, volta e meia um funcionário confundia ele comigo. Até a dra. Viviane apelidou o Zé Luiz de Antonio Fermentado, porque ele é minha cara, só que maior que eu. Quando alguém chama ele de Antonio, ele responde logo assim: "eu sou o José Luiz Sousa Carvalho Cavalcanti, com J!" Tão metido esse meu irmão! Minha mãe acha pouco e ainda veste a gente com pijamas iguais! Fora isso, temos nos divertido bastante aqui. Já fomos aos shoppings, ao parquinho, etc. Amanhã chega o resto da Família Buscapé: vovô Bira, tio Ziza e tia Vanessa. Meu Natal só não vai ser melhor porque não vou poder colocar a prótese antes. Eu já tinha contado que a médica havia me liberado, mas meus pais não acharam uma única ótica que pudesse confeccionar meu olho biônico antes do Natal. Então ficou marcado para o dia 27/12. No mesmo dia o olhinho fica pronto e eu vou entrar 2008 cheio de charme.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Tem lugar pra mais boas notícias aqui?

Só coisa boa acontecendo! Ontem à noite chegaram aqui em São Paulo minha avó Ceiça, a tia Ângela e o Zé Luiz. Eu tava com muita saudade. Mas depois de um tempo (uns cinco minutos) comecei a ficar irritado com o grude do Zé Luiz com minha mãe. Esse meu irmão só quer ser bebê! Quer ficar o tempo todo no colo da mamãe, quer se carregado, quer que a mamãe dê banho! E se eu tiver com o papai, ele quer o papai também, acredita? Ele só pode é estar com ciúmes porque fiquei dois meses exclusivão, filho único de pais desocupados cujo único trabalho era cuidar de mim!
Mudando de assunto... hoje fomos ao hospital pra minha consulta com a oftalmo (claro que o Zé Luiz foi junto porque não queria largar o papai e a mamãe). A médica disse que meu olhinho tá ótimo, bem sarado (assim como meus músculos), e que já posso botar a prótese. Ou seja, já vou estar de olho novo no Natal! ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ! (Aguardem as fotos!) Amanhã meus pais vão decidir a ótica que vai fazer meu olho biônico e na sexta já vamos encomendar. Só não consegui convencê-los a me deixar usar olhos azuis, mas tudo bem.
Agora só falta decidir se vamos tirar meu catéter, e daí já vou poder ir pra casa. Meus pais querem tirar logo esse caninho, porque com ele não posso banhar de piscina nem de mar, e também porque pode ser meio complicado cuidar disso lá em Teresina (é que uma vez por mês tenho que ir ao hospital pra colocar um remédio pro sangue não coagular). A dra. Viviane também acha melhor que eu tire logo o catéter, mas ainda não tem nada decidido porque normalmente os médicos preferem deixar o caninho por mais uns meses, pro caso de eu precisar de alguma medicação. Portanto nada decidido. Aguardem cenas dos próximos capítulos.
Tô sem saco pra escrever. Tô cansado. Passei o dia tentando evitar que o Zé Luiz se apossasse dos meus pais. Vou dormir.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Jingle Bells


Eu adoro Natal. Na verdade, esse é apenas meu segundo Natal, mas já me sinto um veterano. No ano passado, eu fui até o Menino Jesus no Auto de Natal da casa da Teté. É que na família da minha mãe todo ano tem uma encenação do nascimento de Cristo e a mamãe é uma das maiores fornecedoras de Menino Jesus da família! Mas eu ainda era muito bebezinho e não entendia várias coisas. Esse ano já tô bem mais esperto e já gosto de árvores de Natal e do Papai Noel. Quer dizer, gosto do Papai Noel de brinquedo, na TV, nas revistas. Aquele Bom Velhinho de verdade, que fica no shopping, eu não gosto muito, não. Não tem quem faça eu sentar no colo dele pra tirar foto. E olha que meus pais já tentaram! Mas mesmo assim vou mandar minha cartinha pra ele. Vai que ele resolve me atender, né?


Querido Papai Noel,

esse ano fui um ótimo menino. Fora umas briguinhas bestas com o Zé Luiz (tudo culpa dele, eu juro!) me comportei bem demais. Não mexi nas coisas dos meus irmãos (só quando a tentação era demais), não desobedeci meus pais (só quando eles diziam aquela palavra horrorosa: NÃO), comi sempre direitinho... Em resumo, mereço ganhar presente nesse Natal! Imagino que o senhor deve estar questionando meu comportamento agressivo nesses últimos meses. Eu sei que o senhor não apóia a violência, mas em minha defesa quero dizer que apenas reagi ao ataque daquele monstro caranguejo. OK, eu sei que foi uma batalha injusta: um super guerreiro contra um monstrengo mixuruca. Mas foi ele quem provocou tudo. Eu tava lá, quietinho no meu canto, vivendo minha vida pacata, quando ele veio me ameaçar. Se o senhor realmente vê tudo, deve ter percebido que eu não queria briga. Mas depois que ele começou a me atacar não teve jeito. Eu não tenho sangue de barata! Tive que brigar com ele até derrotá-lo. Mas foi por uma causa justa. Agora que já tá tudo explicado, deixa eu começar minha listinha de sugestões de presentes:
- Saúde em quantidade suficiente para uns mil anos
- Tranqüilidade para não me deixar abalar pelas pequenas dificuldades de ter um só olho e para me aceitar como eu sou agora
- Personalidade forte e cabeça fria pra não me importar com piadinhas de mau gosto sobre minha prótese.
Como o Senhor pode perceber, não quero nada material, porque eu sei que o Natal é a época de se comemorar Jesus e o amor entre as pessoas, mas se quiser incluir aí uma bicicleta, uma Pista de Hot Wheels, uma bola de futebol oficial, um au-au de pelúcia, outro au-au de verdade, e uma caixa de chocolates, não vou achar ruim, não. Ah! Se der, também descola uma viagem para uma praia paradisíaca para meus pais (assim eles descansam e ainda me deixam na casa da vovó).

Valeu, Bom Velhinho.
Abraços,
Antonio Luiz
P.S: Não estou, de maneira alguma, querendo ameaçá-lo, mas caso não atenda meus pedidos, vou confirmar minhas suspeitas de que o senhor não existe, hein? O senhor não acha triste uma criança não acreditar em Papai Noel?

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Nocaute!!!


Hoje recebi meu presente de Natal antecipado. Ou melhor, recebi todos os presentes de todos os natais da minha vida: DERROTEI O MONSTRO CARANGUEJO! O resultado da biópsia saiu hoje e o monstro simplesmente sumiu! Escafedeu-se! Tomou doriu! Evaporou! Foi pras cucuias! Em outras palavras: eu não tenho mais câncer! Vou repetir, pro caso de alguém não ter entendido: eu não tenho mais câncer! ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ! Muito bem eu estou de parabéns! (balançando as mãos em cima da cabeça, que nem o Zé Luiz). A dra. Viviane deu a notícia hoje de manhã pra gente, e eu acho que eu nunca tinha visto meus pais tão felizes. Nem quando eu nasci. Porque na verdade, é como se eu tivesse nascido de novo. Eu derrotei um câncer. Com um ano e meio, já sou um vencedor. E vou lembrar disso todos os dias da minha vida. Quando eu achar que não vou conseguir alguma coisa, é só lembrar que derrotei o monstro caranguejo quando ainda era pequenininho.

Eu sei que nesses 71 dias, desde a descoberta do monstro caranguejo, tenho sido bem valente. Mas vocês não sabem que em alguns momentos eu tive medo, raiva, frustração. Essa é uma arma do monstro: ele tenta desestabilizar a gente pra então avançar na guerra. Porque o que ele queria mesmo era sair passeando por esse corpitcho lindo que Deus me deu! E isso eu não ia permitir messssmo! Lá no fundo eu sabia que ia ficar bom, e que não podia me deixar impressionar pelos ataques do monstro. Conheci crianças até mais valentes que eu. Algumas estão na guerra há meses, às vezes anos. Outras não tiveram a mesma sorte que eu em descobrir o monstro ainda no início, e por isso a guerra deles é mais complicada. Mas todos são bravos guerreiros e merecem o mesmo prêmio que eu recebi: a paz.

Eu, doutora Clara e mamãe (agora com a cara normal)

Olha aí a dra. Clara barrigudinha. Nessa foto eu tô sentado em cima da Maria Clara, a bebê dela que vai nascer no próximo mês.

Eu, doutora Viviane e mamãe (com cara de louca)

Essa é a doutora Viviane, que vem cuidando de mim desde que cheguei aqui em São Paulo. Além de ser uma ótima médica, ela tem uma filha que é uma gatinha. E eu já tô de olho!






quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Santo do Pau Oco



Vocês notaram a semelhança entre eu e São João Batista? Ele é esse menino aí no quadro de Gian Pietro Rizzi. Essa semana fui ao MASP com meus pais e o Pedro, e fiquei louco quando vi esse quadro: eu apontava e gritava porque eu tinha cer-te-za que aquele menino de cabelinho de anjo era eu. A mamãe disse que se for anjo do pau oco mesmo!
Hoje estou sem muita vontade de escrever porque amanha tenho consulta e vou finalmente receber o resultado da biopsia. Amanha e o dia de saber se derrotei mesmo o monstro caranguejo. Então claro que eu não to pra muita conversa.



terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Vida mansa


Tá tudo bem demais por aqui. Continuo levando uma vida mansa, na tranquilidade, passeando com o Pedro, o papai e a mamãe, comendo muito, etc. Meu olhinho tá sarando bem, pelo menos eu acho que sim, pela cara que meus pais fazem quando trocam o curativo. Antes eles ficavam fingindo que tava tudo bem, mas eu via que eles não tavam aguentando olhar. Aí eu tinha que tranquilizá-los, afirmando que não sentia dor nenhuma, que tava tudo bem, etc. Mas não adiantava nada porque eles não falam a língua dos bebês. Mas agora eu já percebi que eles ficam mais tranquilos quando trocam meu curativo. Então meu olho deve tá ficando mais bonitinho, né? Mas ainda tenho que usar esse curativo toda vez que sair de casa. Pra ficar em casa eu até já podia ficar sem ele, mas meus pais têm medo de eu botar a mão suja no olho e acabar atrapalhando o processo.

Hoje foi um dia divertido porque saímos pra fazer compras de natal. O Pedro não tinha o que inventar e comprou uma caneta que dá choque. Quando chegou em casa ele deu um jeito de convencer o tio Guga a vir aqui, e fez ele pegar um choque na caneta. Foi risada geral! Na mesma hora o Pedroca disse que eu tinha que contar isso no blog. Como eu sou pequeno, tô escapando dos choques do Pedroca, mas pra não facilitar tô atendendo o pedido dele. Vai que ele resolve usar a caneta contra mim?
Essa foto aí foi tirada no final de semana na casa do meu primo Davi. Eu adorei passar o final de semana lá.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Mamma mia!


Vocês sabem que uma das coisas que eu mais gosto é comer, né? E dá mesmo gosto me ver comendo! Essa foto foi tirada sábado, numa cantina italiana no Bixiga. Olha a melequeira que eu fiz!

Olha o macaquinho comendo banana!


Eu adooooro comer banana. Ontem mesmo já tava na terceira banana quando minha mãe disse: "Chega! Para agora senão você vai ter dor de barriga!" Aí eu tive que parar, né? Mãe adora estragar a diversão de filho!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Fotos minhas pra animar a galera




Essas duas fotos são pra mostrar pra vocês como eu fico lindo mesmo com curativo no olho. E não deixo de me divertir messssmo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Notícias da cirurgia


Como vocês sabem, fiz a cirurgia ontem. Não foi nada tão traumático quanto meus pais pensaram. Vocês sabem como é, né? Os pais sempre pensam que as coisas são piores do que realmente são. A cirurgia durou pouco mais de uma hora e minha mãe ficou comigo até me anestesiarem, e também estava lá no centro cirúrgico quando eu acordei. Então nem senti medo. Acordei com um curativo no olho mas isso também não me incomodou. Como eu já praticamente não tinha visão no olho direito, eu nem sequer percebi que ele não tava mais lá. A dra. Mirna, que fez a cirurgia, disse que o tumor estava bem localizado e não parecia ter ido pra lugar nenhum, mas certeza mesmo só daqui a uns dez dias, com o resultado da biópsia.

Hoje de manhã, a oftalmologista me examinou, disse que tá tudo bem e me mandou pra casa, com um colírio e uma pomada pra passar. Nem analgésico eu preciso tomar porque não tô sentindo nenhuma dor. Meus pais vão ficar fazendo curativo toda vez que eu tomar banho, e só. Como eu sou um cara muito fashion, exigi curativos de várias cores pra combinar com minhas roupas. Porque a médica disse que eu posso passear normalmente, só tenho que pôr o curativo. Hoje mesmo fui passear com meu pai e o Pedro na Catedral da Sé e no Pátio do Colégio. Pena que caiu uma chuva e a gente teve que vir embora.

Agora só tenho consulta no dia 19, com a oftalmologista. Até lá vou passear muito com meu irmão e meus pais.

Ah! E quero aproveitar pra agradecer os telefonemas, e-mails, recados nesse blog, orações, vibrações positivas e toda a corrente pra frente das pessoas que me querem bem. Obrigado mesmo. Acho que logo, logo vamos poder comemorar a derrota do Monstro Caranguejo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Update

Meu final de semana foi muito, muito bom. Fui pra casa do meu primo Davi e me diverti bastante. Brinquei no parquinho lá perto, fui ao show da Diana Krall no parque Villa-Lobos (dormi o tempo inteiro) e, pra fechar com chave de ouro, fui ver o Papai Noel no Iguatemi. Achei ele bem legal, nem medo eu tive (como meu irmão Zé Luiz), mas também não quis sentar no colo dele, não. Tirei foto no colo da minha mãe.
Hoje de manhã fui ao hospital com minha mãe pra ela conversar com a doutora Martha, que é minha oftalmologista. Ela tirou todas as dúvidas que a gente tinha sobre a cirurgia e agora estamos bem mais tranquilos. Ela explicou que já saio da cirurgia com uma prótese que vai substituir meu globo ocular. Depois que meu olhinho ficar sarado, posso colocar a prótese estética que imita o olho, pra eu poder piscar pras garotas por aí. Essa prótese tira e bota, como uma lente, e eu vou até poder brincar de assustar o Zé Luiz. Também fiquei muito feliz de saber que o pós-operatório não é doloroso e que logo vou estar passeando por aí.
Mas o melhor mesmo aconteceu já de noite: meu pai e meu irmão Pedro chegaram aqui. Eu tava morrendo de saudades deles e eles chegaram cheio de carinhos e presentes pra mim. Eu nem queria mais dormir só pra ficar atrapalhando o Pedro tocar violão. Meu tio Guga também veio aqui e a gente fez uma farra gastronômica. Mas minha mãe, que às vezes é muito chata, agora quer me obrigar a ir dormir. E o pior, no berço. Só porque meu pai chegou ela me expulsou da cama dela, acredita? Mas amanhã eu me vingo dela porque vou ser internado e ela vai ter que dormir naquela cama dura do hospital. Bem feito!

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Perdi uma batalha, mas a guerra tá no papo...

Como vocês já sabiam hoje seria o grande dia. Fiz o tal exame de fundo de olho e ultrassom também. A quimio deu resultado, o monstro caranguejo dimimuiu mas... continua sentado em cima do nervo ótico. Por isso os médicos acharam mais seguro fazer uma tal de enucleação. Pra quem não sabe o que é, essa é uma cirurgia pra retirar meu globo ocular e, com ele, o monstro caranguejo. Segurem os queixos e não façam drama porque a mamãe odeia! Vou ficar sem meu olhinho direito, sim. Mas vou ficar vivo e mandar esse monstro pras cucuias! Bem que eu queria manter olho, mesmo com a pouca visão, mas seria um risco muito grande porque o caranguejão podia começar a esticar as patas pelo nervo ótico e atingir o sistema nervoso central. Fico nervoso só de pensar nisso!
Então terça-feira vou ser internado e na quarta faço a cirurgia. Depois que tiver sarado, vou colocar uma prótese igualzinha ao meu olho e sair por aí piscando pras gatinhas. Vou até perguntar pra doutora Martha se não posso botar uma prótese azul e uma lente azul no meu olho bom pra ficar ainda mais parecido com um anjinho... (Brincadeirinha)
Depois de tirarem meu olho vão examiná-lo bem direitinho e ver se ainda preciso fazer quimioterapia, mas eu aposto que não vai precisar, não. Daí vou poder voltar logo pra minha casa em Teresina, que eu já tô com muita saudade de lá.
Eu sei que essa história de usar prótese parece um lance meio punk hard core trash metal, mas na real não deve ser, não. No hospital conheci várias crianças que usam prótese e elas nem parecem se importar com isso. Na verdade, elas nem lembram de quando tinham os dois olhos, então pra elas é como se tivessem nascido com aquele olho falso. E pra mim vai ser assim também. Meus pais já disseram que não vão me alisar por causa disso: vou levar bronca, palmada, castigo, tudo o que eu merecer independente da prótese. Então nem adianta eu querer fazer chantagem emocional porque já vi que não vai colar. E eu sei que eles vão ficar tiririca da vida se alguém me tratar como pobrezinho-caolhinho-sofredor. Então tá dado o recado: não preciso de pena, não preciso ser tratado diferente das outras crianças. E como bem diz a sabedoria popular, coitado é filho de rato que nasce pelado!
Ah! Adivinha de que eu vou me fantasiar no carnaval? De pirata, claro!!!!!!!!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Em compasso de espera


Hoje não tô com muita vontade de escrever, não. É que amanhã vou fazer exame de fundo de olho pra avaliar como o tumor está reagindo à quimioterapia. Daí os médicos vão decidir como seguir com meu tratamento. Pra fazer o tal exame, tenho que tomar anestesia e por isso preciso ficar em jejum por oito longas horas. Vocês podem imaginar o que é isso pra um menino comilão como eu? Por isso estou de mau humor! Vou deixar apenas uma foto minha com meu primo Davi tirada há mais ou menos um mês atrás. Todo mundo na torcida amanhã, tá?

sábado, 24 de novembro de 2007

Passada rápida para dar notícias

Eu estou ótimo! Minha avó foi embora terça de manhã e eu fiquei com muita saudade, mas me comportei direitinho e cuidei da minha mãe, afinal ficamos só eu e ela. Nem calundú eu dei mais. Na quarta eu tive uma febre e a mamãe ficou muito preocupada e correu comigo pro hospital. Fiz todos os exames e a médica deixou eu vir pra casa porque estava tudo bem comigo. Minha imunidade é mesmo dura na queda porque não caiu nadinha. A médica disse que eu só tinha que voltar ao hospital se eu tivesse febre de novo. E é claro que eu não tive, né?
Meus padrinhos (tio Ziza e tia Vanessa) chegaram aqui ontem e já nos divertimos muito. Fomos passear a tarde e o tio Dudu veio encontrar com a gente. A gente saiu pra jantar e depois voltamos pra casa. O tio Guga veio aqui também todos esses dias.
Eu estou mesmo muito bem. A única coisa que me incomoda é a saudade do meu pai e dos meus irmãos, mas na próxima semana meu pai já chega aqui trazendo o Pedro pra gente brincar muuuuito. Eu sei que vocês devem estar se perguntando, por isso vou logo responder: não, meu cabelo de anjinho não caiu... ainda. Não que eu me importe, afinal é dos carecas que elas gostam mais, mas parece que meu cabelo também é duro na queda, assim como minha imunidade. Depois posto algumas fotos.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Dicionário de Antoniês

Já fazia um tempo que eu não vinha aqui, né? É que como minha avó tá aqui, todo dia a gente sai pra fazer algum programa. Até ensaio pra coroinha de missa eu já fiz, levando pão para o altar na Igreja de Nossa Senhora Achiropita, no Bixiga. É, eu tenho ido a muitos lugares legais, minha saúde tá ótima. Só meu humor que varia, sabe? Quando tô com sono ou cansado, abro o berreiro e faço um escândalo que a mamãe já apelidou de O Exorcista. É que eu jogo a cabeça pra trás, berro, balanço a cabeça, cuspo, me jogo no chão, reviro os olhos... Hollywood tá perdendo tamanho talento! Só pra mexer com meu pai, fiz um escândalo desses uma hora antes de ele ir pro aeroporto, na quinta-feira. Claro que ele quase desiste da viagem. Só saiu depois que me deixou dormindo. A minha mãe é mais difícil de enrolar e por isso minhas encenações do Exorcista estão ficando menos frequentes. Que pena! Eu adoro brincar de controle remoto com meus pais!
Mas vamos ao título desse post. Como vocês sabem, só tenho um ano e cinco meses, mas estou ficando muito esperto, falando um monte de palavras. Tudo bem que quase ninguém consegue entender, mas eu entendo tudinho que falam pra mim. Saca ai meu dicionário:
- Au-au - conceito amplo que vai de cachorro a qualquer outro bicho de quatro patas e inclui até os Popozudos da Caixa. Uso também pra dizer que quero ir pra varanda, olhar os cachorros passarem na rua.
- Piá - passear. Já acordo gritando essa palavrinha, porque sou mesmo muito rueiro (a quem será que eu puxei?). Costuma surtir efeito quando usado no repeat: piá piá piá piá piá.
- Quer - serve pra tudo: comida, brinquedo, louças quebráveis... basta apontar o dedinho em direção ao objeto do desejo, ao mesmo tempo em que pronuncio a palavra mágica.
- Mamãe - essa eu aprendi a falar diretinho aqui em São Paulo. Em Teresina, eu dizia manhêêêê, imitando o Zé Luiz e o Pedro.
- Papai - falei essa pela primeira vez semana passada, dentro da minha estratégia de não deixar o papai ir embora. Não funcionou, mas ele viajou com o coração na mão.
- Agum - significa água ou qualquer outro líquido para beber.
- Aô - é o que as pessoas grandes chamam de alô. Serve pra mostrar o telefone, o fone do computador ou pra avisar minha mãe que o telefone tá tocando.
- Chá-chá - essa também é das antigas; eu já falava em Teresina. É aquele negócio que serve pra fechar e abrir portas (de carro, do apartamento, etc.) Mal entro no prédio e já viro pro Ricardo, da portaria, e digo "chá-chá"!
- Ôôôôô - significa acabou (o suco, a comida do prato, etc.) Normalmente acompanha um olhar de decepção.
- Sei! (assim mesmo, com exclamação) - quer dizer "achei". É usado quando acho uma coisa que não deveria ter achado. Por exemplo, meus lencinhos umedecidos (que eu arranco um por um), o hipoglós (que eu adoro comer e lambuzar a cara).
- Nenê - sou eu, claro! Pensou que fosse quem?
Essa semana falei também minha primeira frase: "Quer au-au". Não vi grande vantagem nisso, mas a mamãe e a vovó ficaram super felizes porque eu consegui juntar um tal de verbo com um objeto. Mãe é bicho besta e avó é mais ainda.
Falando em avó... A minha avó Ceiça vai embora amanhã cedinho. O resto da semana vou ficar só com minha mãe. Ela já disse que eu tenho que colaborar, me comportar direitinho, não encenar O Exorcista... Não sei se vou seguir todas as recomendações. Mas prometo que vou tentar. Pelo menos até sexta-feira quando meus padrinhos chegam aqui.
E hoje é aniversário do meu avô Renildo. Não falei com ele no telefone porque só falo quando não tem ninguém na linha. Quando tem outra pessoa falando fico só escutando e "assuntando", e esqueço que sei dizer "aô".
Agora vou dormir porque amanhã é feriado aqui e eu vou pra casa da tia Geórgia brincar com meu priminho Davi.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Antonio 2 x Quimioterapia 0

Viram o placar aí em cima? Pois é, esses últimos dias têm sido muito bons para mim. É tanta coisa legal que vou fazer que nem minha mãe - escrever uma lista:
1. Na segunda-feira eu disse papai pela primeira vez. Ao contrário do que minha mãe dizia, eu não vou chamar meu pai de "não é a mamãe" só porque ele me chama de Baby da Silva Sauro.
2. Também na segunda, tive consulta com a dra. Viviane e fiz exames de sangue. Adivinha? Tudo beleza! Meu sangue só não tá melhor porque não é azul!
3. Tive uma febrezinha na segunda-feira. Claro que essa não é uma notícia boa. Notícia ótima é que a febre passou e os exames de terça-feira confirmaram que eu estou bem demais.
4. Minha avó Ceiça chegou na terça à tarde pra passar uma semana comigo. Eu tava morrendo de saudades dela!
5. Eu acho que minha avó pensava que em São Paulo não tem comida porque ela trouxe tanta coisa de Teresina... Paçoca, manga, lagarto, tamarindo, caju, arroz com galinha, maria isabel... A culinária de microondas da minha mãe ficou humilhada!
6. Além de comidas, minha avó trouxe pra mim presentes (dela, da minha avó Bel, dos amigos, das tias) e muito pensamento positivo dos amigos e familiares lá de Teresina. Valeu, galera!
7. Minha avó me contou que vamos passar o Natal juntos aqui em São Paulo: eu, meus pais, meus irmãos, a vovó Ceiça, o vovô Bira, o tio Guga, a tia Ângela, e os meus padrinhos: tio Ziza e tia Vanessa.
8. Hoje foi minha segunda sessão de quimio e eu, novamente, não senti nadinha. Como diria o Zé Luiz: "ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ, MUITO BEM, VOCÊ TÁ DE PARABÉNS!"
9. Eu tô desconfiado que tão botando Biotônico Fontoura com Óleo de Fígado de Bacalhau no meu soro, porque eu tô comendo desesperadamente desde que entrei no hospital hoje de manhã. As enfermeiras devem tá pensando que meus pais não me dão comida em casa!
10. Amanhã devo ter alta. Afinal minha avó tá aqui e eu quero muito ir passear com ela, né?
11. Entre tantas boas notícias, só uma ruim: meu pai vai voltar pra Teresina amanhã. Logo quando eu consegui falar "papai"! Mas o bom é que ele volta no início de dezembro trazendo o Pedroca.

domingo, 11 de novembro de 2007

Só boas notícias

Meu final de semana foi muuuuuito bom! Ontem (sábado) fui pra casa da tia Geórgia e do tio Henrique com meus pais. Lá é muito legal: tem meu primo Davi, muitos brinquedos e um parquinho bacana bem pertinho. Eu passeei de carrinho, fui ao parque, brinquei no balanço, andei de bicicleta com meu pai. Ainda bem que o clima ajudou e deu pra gente ficar um bom tempo ao ar livre!
Nós dormimos lá e hoje de manhã eu fui ao parque de novo com meus pais. Depois almoçamos na casa da vovó Silvia. Na verdade ela é avó do Davi. Mas ela é bem legal como minhas avós, e dá todo o apoio pra mim e meus pais. O tio Guga tanbém foi almoçar lá e depois trouxe a gente pra casa.
Quando chegamos em casa, meus pais resolveram ir à feirinha do Bixiga, que é aqui pertinho. Mas acredita que foi só a gente botar o pé fora de casa pra começar a chover? É, o clima aqui em São Paulo é muito complicado!
Agora a noite meus pais me contaram duas boas notícias: minha avó Ceiça vai chegar terça-feira e meu irmão Pedro vai vir no dia 03 de dezembro! Com essas novidades, vou dormir bem feliz!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Se ela dança, eu danço...

Vocês sabem qual é minha nova moda? Dançar! Basta ouvir uma música na TV, ou minha mãe assobiando, que eu começo a dançar, balançando o bumbum pra cima e pra baixo. Minha mãe hoje se empolgou com minha performance e baixou umas músicas de quando ela criança, dum tal de Balão Mágico e também da Arca de Noé, e nós dançamos até não poder mais! Como ela e meu pai já tavam mesmo no embalo, ela resolveu botar também as músicas do tempo em que ela ia pra Aquarius toda sexta-feira e dançava até ficar com o corpo doído. Aí eu inventei uns passos maneiros e chacoalhei o esqueleto! Quando eu ficar bom e voltar pra Teresina, vou querer uma festa com muita música pra eu dançar bastante. Até lá, vou ficar por aqui treinando meus passos!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Agora é vida normal, sim!

Hoje fui ao hospital pra fazer exames de sangue, raio-x e consulta com dra. Luciana. Os resultados não podiam ser melhores! Não tenho mais nenhuma infecção, meu peito tá limpinho, eu não preciso mais tomar remédio no caninho e só tenho que voltar ao hospital na próxima segunda-feira pra ser reavaliado pra quimio de quarta. Até a agulha do caninho já tiraram e eu posso finalmente andar sem blusa. (Meus pais me obrigavam a andar de blusa mesmo em casa com medo de que eu arrancasse a agulha do catéter. Acredita numa maldade dessas?)
Continuo com uma alergia boba que vai e volta, mas tô tomando o remédio em casa. Parece que agora, finalmente, vou ter a tal vida normal que me prometeram entre as sessões de quimioterapia. Pra comemorar, meu tio Henrique vem me pegar em casa pra gente ir pro shopping. A mamãe resolveu não ir porque teve insônia noite passada, mas eu vou com meu pai, tio Henrique, tia Geórgia e Davi.
Continuem torcendo e rezando daí porque daqui eu vou fazendo minha parte: comendo como um leão e fazendo tudo o que as médicas mandam (sob protesto, mas fazendo!).

domingo, 4 de novembro de 2007

Rotina

O final de semana já tá terminando e eu ainda não tinha vindo aqui escrever. É que eu estou tendo uma vida "quase" normal - o quase fica por conta de ter que ir ao hospital todo dia pra tomar remédio no caninho. Mas até isso já terminou hoje. Amanhã tenho consulta no hospital e a dra. Clara vai dizer se devo tomar o remedinho mais uns dias ou não.
Voltou a chover em São Paulo e por isso meus pais não puderam me levar a nenhum passeio ao ar livre. Aí a tia Ira nos levou pro shopping Ibirapuera. Lá eu almocei e passeei de carinho. Eu queria mesmo era ir ao parquinho, mas por causa da tal da imunidade meus pais não deixaram de jeito nenhum! "Imagina, aquele parque cheio de crianças espalhando vírus!" Eu acho que pai e mãe gostam mesmo é de dizer a palavra NÃO, e quando eles têm o apoio e incentivo daquele pessoal de branco, aí eles ficam mesmo impossíveis!
Quando chegamos do shopping, meus pais cismaram que eu tava com umas pintas vermelhas na pele. Adivinha pra onde fomos? Hospital, claro! A dra. Cecília me examinou e disse que era uma alergia. Então estou tomando outro remedinho. Eu perguntei pra dra. Cecília se eu não podia logo me mudar pr'aquele hospital, porque toda hora eu tenho que ir lá, mas ela também não entende a língua dos bebês. Pelo visto, os pediatras não fazem provas de proficiência em língua de bebês, né?
Hoje, além da chuva, a cidade está bem fria. Então nada de passeio. Só fui ao hospital tomar remédio. Essa rotina já tá ficando um pouco chata, sabe? Vamos ver se na consulta de amanhã a barrigudinha resolve me liberar por pelo menos uma semana antes da próxima quimio.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Feriado

Hoje é feriado pra todo mundo, menos pra mim. Tive que ir ao hospital de novo pra tomar meu remedinho. Fui de manhã com o papai. A mamãe ficou em casa se aventurando em culinária de microondas. Até que os resultados não estão assim tão desastrosos!
À tarde, depois da minha sonequinha, meu tio Guga veio aqui e levou a gente pra passear. Fomos ao parque Ibirapuera. Eu adorei! Corri na grama, vi muitos au-aus e passeei de carrinho. Tava fazendo um calorão, parecia até Teresina! Depois fomos ao Habib`s e eu comi tanto que o tio Guga pensou que eu tava passando fome em casa.
Agora à noite caiu uma chuvinha e tá gostoso pra dormir. Vou deitar. Boa noite.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Sem tempo

Faz uns dias que não escrevo aqui, né? É porque desde que eu saí do hospital, não acho tempo pra atualizar o blog. Todo dia meus pais inventam alguma coisa pra gente fazer, sem contar que todo dia tenho que ir ao hospital de manhã pra tomar o remédio no caninho do meu peito. Ontem a tarde fui passer aqui por perto com o papai e a mamãe. Fui no meu carrinho, observando a rua e procurando os au-au. A gente até achou um pracinha com playground e muitas crianças brincando. Nessas horas eu até esqueço que tô aqui pra lutar e penso que tô só passeando com papai e mamãe.
Hoje o único passeio foi o hospital, porque a tarde choveu e não deu pra sair de casa. O clima aqui é meio louco mesmo: quatro estações num dia só. Mas o mais legal foi que hoje fiz exame de sangue (tirar o sangue não é legal!!!!) e a médica disse que minhas defesas só caíram um pouquinho, e olha que já faz oito dias que fiz a quimio.
Quem deve tá começando a ficar baqueado é o monstro caranguejo, sabia? Ele já sentiu que eu não tô pra brincadeira!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Tive alta!!!

Voltei pra casa!!!! Quer dizer, não pra minha casa de Teresina, mas pra minha casa de São Paulo. Como eu já estava há três dias sem febre, e já tô respirando bem melhor, resolveram me liberar pra ir embora. Agora tenho que ir no hospital todo dia pra tomar o remédio no caninho do meu peito e também pra fazer fisioterapia, até domingo. Ah! E também tenho que continuar fazendo aquela fumacinha em casa. Depois posso voltar à minha vidinha normal de menino de 1 ano. Do hospital, só vou sentir falta da escolinha. Lá as crianças maiores têm aulas pra não perderem o ano na escola. Mas como eu ainda não estudo, eu ficava lá brincando com um montão de brinquedos que eles têm e ouvindo das professoras coisas como "lindo", "anjinho" e "fofo".
Falando em brinquedo... Ontem a tia Mayra e o tio Jover, lá de Brasília, me visitaram e me deram um brinquedo de madeira bem legal. Quem gostou mesmo foi minha mãe porque eu tinha ganhado uma bola pula-pula de uma contadora de histórias e eu só queria brincar de jogar a bola da cama pra minha mãe e meu pai pegarem. Não sei porque eles não gostavam muito dessa brincadeira e ficaram muito aliviados quando eu comecei a brincar com meu brinquedo novo! Outra visita que eu recebi ontem foi do tio Guga, que aliás me visita quase todo dia! Meu quarto lá do hospital era bem animado mesmo!
A tia Ira, amiga da minha mãe, foi também me visitar hoje, mas quando ela chegou a gente já tava saindo e ela trouxe a gente pra casa. Ela brincou muito comigo à tarde. Ela é pediatra, mas é legal: não mandou me furar, não me apertou, não me cutucou.
Fiquei tão excitado porque voltei pra casa, que não dormi o dia inteiro! Agora tá batendo aquele sono... Boa noite.

domingo, 28 de outubro de 2007

Ainda no hospital

Como eu disse no post anterior, a mamãe e o papai me obrigaram a vir ao hospital de pijamas. Eles disseram que seria rapidinho, só pra doutora Viviane me examinar por causa da febre. Pois o rapidinho dura até hoje, acredita? Se tem uma coisa que eu já aprendi sobre esse hospital é que as visitas nunca são rapidinhas.
Eu acho isso uma grande sacanagem: resisti bravamente à quimioterapia e agora uma bacteriazinha besta me faz voltar ao hospital. Ontem tive uma febre alta, mas logo ela passou e não voltou mais. Mas o que eu tô gostando mesmo é das visitas da fisioterapeuta Patrícia. Ela vem ao meu quarto e fica fazendo massagem nas minhas costas e eu fico com cara de milionário no Club Med, sabe como é? Só que ontem a noite me apareceu um fisioterapeuta chamado Anderson querendo fazer massagem em mim. Não deixei mesmo! Gritei que queria a Patrícia, mas ele nem tchuns, continuou tentando fazer massagem em mim. Só hoje de manhã a Patrícia voltou e aí eu deixei ela fazer fisio em mim.
Já estou há mais de 24 horas sem febre. A barrigudinha dra. Clara disse que esse é um bom sinal mas (aqui sempre tem um mas), só posso ir pra casa depois que as vampiras de branco tirarem meu sangue e constatarem que não tem mais nem sinal de bichinho. Até lá eu fico aqui no hospital, mas nem é tão ruim assim. Eu nunca tinha tido meus pais só pra mim 24 horas por dia, então tô aproveitando pra ficar beeeem estragado. Faço manha por tudo, choro sem uma lágrima, reviro os olhos.. Espetáculo global!
Bom também é receber visitas. Ontem a tia Geórgia, tio Henrique e Davi vieram me visitar. O Davi até almoçou aqui junto comigo. Foi bem legal, igual a quando eu tava na casa dele (só que sem os tapas!). Hoje de manhã veio aqui a tia Adriana (amiga da mamãe lá de Teresina), o tio Gustavo e uns amigos deles daqui de São Paulo, que disseram que podem ajudar a gente no que precisar. Meus pais estão mesmo se cercando de gente legal por aqui, né?
Já jantei, tomei banho e estou todo bonito e cheiroso esperando o tio Guga vir me visitar.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Não se pode elogiar...

Olha só o que me aconteceu: fui fobar que não sentia nada com a quimioterapia e um virusinho besta de gripe me trouxe de volta ao hospital! Eu não sou de me deixar derrubar por besteira, não. Mas é que essa gripezinha safada vem me atormentando há dias. Hoje acordei com febre e meus pais acharam melhor correr comigo pro hospital. Quando eu digo correr, é correr mesmo, porque nem meu pijama minha mãe me deixou trocar. Imagina aí o mico? Logo de manhã queo o ambulatório de pediatria é lotada de gatinhas!
Quando chegamos ao hospital começou de novo a sessão tortura, com a tropa de branco, mas agora elas estão mais comedidas, parece que perderam o interesse em me furar. Afinal, a dra. Clara descobriu que eu tô com uma pneumonia no pulmão direito e que é melhor eu ficar aqui no hospital de novo pra tomar uns remedinhos e fazer fisioterapia e etc, porque eu passei a tarde toda molinho de febre.
Então aqui estou eu, de novo, vestindo meu pijama dos Power Rangers e esperando o rango da noite chegar.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Quimioterapia

Que nome feio esse, né? Pois é. Mas na real essa tal de quimioterapia nem é tão ruim assim. Ontem foi minha primeira sessão e eu me sinto ótimo! Acho que a mamãe e o papai pensavam que a quimioterapia era um bicho de sete cabeças porque ficaram o tempo todo checando se eu tava bem, se tava com cara de vômito, falando com os médicos, com as enfermeiras...
Hoje de manhã já voltei pro flat (que é minha nova casa). Estou superanimado porque a dra. Clara disse que eu posso passear e me divertir fora de casa. Mas aqui em São Paulo tá chovendo e fazendo frio e por isso a mamãe e o papai não querem me levar pra lugar nenhum. Sacanagem, né? Mas acho que é porque eu tô meio gripado e eles querem que eu fique bom logo.
Mas eu tô é com muita saudade dos meus irmãos (até de tu, Zé Luiz!), dos meus avós, da babá, da Ana Lúcia, dos meus tios... Por isso eu vou ajudar o papai e a mamãe a cuidar bem de mim pra eu ficar curado rapidinho e voltar pra casa pra levar uns tapas do Zé Luiz!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Sum Paulo

Quando chegamos em São Paulo, fomos pra casa da tia Geórgia, do tio Henrique e do meu priminho Davi. Foi muito legal porque lá tem muitos brinquedos e meus tios são muito legais. O Davi ficou com um pouquinho de ciúmes de mim e me deu uns catiripapos, mas também eu roubei os brinquedos dele, o quarto dele, o berço dele, o carrinho dele... Depois viemos pra um flat perto do hospital, porque a casa dos meus tios é bem longe. Pena que aqui perto não tem tantos lugares legais pra passear como no bairro dos meus tios...
Minha primeira consulta no hospital A.C. Camargo foi beeem legal. A mamãe gostou muito da oftalmologista e também das oncopediatras. Uma delas se chama Dra. Clara e eu achei um pouco estranho que ela tem um barrigão, parece até que engoliu uma melancia. Mas minha mãe disse que é porque tem um bebê lá dentro. Eu entrei em pânico - já pensou se ela resolve me engulir também?! Mas agora já me convenci de que ela é legal, assim como a dra. Viviane, que também cuida de mim. Pena que elas têm uma mania de mandar me furar...
Falando em furar... Ontem eu deveria receber minha primeira quimioterapia, daí veio uma tropa de choque vestida de branco pra tentar furar meu bracinho. Nã- nã- nim- nã- não! Não deixei mesmo. Tentaram muitas vezes e eu esperneava e gritava: "Parem com isso! Não sou um porta-alfinetes! Sou um menino!" Mas parece que naquele hospital ninguém fala a língua dos bebês! Eu vi pela cara da minha mãe [a essa altura meu pai já tinha escapado do quarto, claro!] que ela já ia mandar toda aquela tropa pr'aquele lugar. Mas aí a dra. Clara mesmo disse que já bastava e que ninguém ia mais mexer em mim. Não disse que essa barrigudinha era porreta? Então hoje de manhã me deram um cheirinho pra dormir e colocaram um caninho no meu peito. Assim não vão ter que me furar a cada 21 dias. À tarde recebi a tal quimio e sabe de uma coisa? Não senti nada! Nem enjôo! Claro que colocaram uns remedinhos anti-enjôo, né? Mas eu só tô mesmo sonolento. Acho que agora vou dormir, de novo!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Continuando...

Agora que já tirei uma soneca e já papei uma comidinha gostosa, vou continuar minha história. Onde eu tinha parado mesmo?
Ah! Lembrei: depois que descobriram que eu tinha esse tumor na retina, meus pais decidiram que eu seria tratado em Teresina mesmo. Eles não queriam ficar longe dos meus irmãos e nem me tirar do meu ambiente. Além disso, o oftalmologista que trata de retinoblastoma em Teresina é o Dr. Ednaldo Átem e minha mãe tem a maior confiança nele porque ele é médico de todo mundo na casa da minha avó desde que minha mãe era criança. Então já estava resolvido: a batalha contra o monstro caranguejo seria travada em Teresina, com a ajuda do super doutor Ednaldo! Muita gente aconselhou a mamãe e o papai a correrem pra São Paulo comigo, mas eles tinham medo de ir pra um lugar onde não conheciam nenhum médico e também sabiam que eu estaria em boas mãos em Teresina.
Mas essa certeza só durou até a primeira consulta com a oncopediatra. Eu não sei bem o que aconteceu porque eu tava dormindo no consultório dela. Só sei que no caminho pra casa minha mãe e meu pai já estavam planejando a vinda pra São Paulo. Se você conhece minha mãe, sabe que não é muito legal vê-la nervosa. E nesse dia, depois da tal consulta, ela tava botando fogo pelo nariz. Como já disse, não sei bem porque. Só sei que ela e meu pai falaram em anti-ética, fria e grossa. Ainda bem que meu pai tem a cabeça mais fria e consegue acalmar minha mãe.
Dois dias depois, com a aprovação do dr. Ednaldo, entrei num avião pra São Paulo com meu pai e minha mãe. Na conexão em Fortaleza, minhas tias Gueira e Rita vieram brincar comigo e conversar com meus pais. Minha primeira viagem de avião foi bem legal.

E no princípio era o brilho...

Há alguns dias atras, minha mãe e meu pai perceberam um briho diferente no meu olho direito. Minha tia Ângela tinha comentado que havia visto um comercial na TV com a Ana Paula Arósio em que ela chamava a atenção dos pais para um reflexo branco que aparecia nos olhos, nas fotos tiradas com flash. Era uma sexta-feira quando minha mãe e meu pai se convenceram que havia algo errado com meu olho. Foram olhar as fotos e.. bingo! Lá estava o tal reflexo. Mamãe passou o fim de semana inteirinho pesquisando na internet pra ver se descobria alguma coisa. Infelizmente nessas horas a internet é mais inimiga que amiga, porque minha mãe ficou sem dormir de tanta coisa horrível que leu!
Na segunda-feira fui ao oftalmologista, que não achou nada no meu olhinho, porque minha pupila não havia sido dilatada e esse tumor é mesmo safadinho: ele brinca de esconde-esconde atrás da pupila fechada. Foi decidido então que eu teria que fazer um tal de mapeamento de retina, e na mesma semana o problema ficou evidente: entre exames de fundo-de-olho, tomografias, ultrassonografias e sedações de todos os tipos e modelos, os médicos acabaram chegando ao diagnóstico. Tenho um tal de retinoblastoma, um tipo de câncer que só acontece com criança. Para meus pais foi um choque enorme. Eu mesmo não percebi nada, só tava mesmo de saco cheio de tanto ir em médico.
Sabe de uma coisa? Esse post já tá muito grande e eu tô ficando com soninho. Mais tarde continuo a contar essa história.