terça-feira, 10 de junho de 2008

2 aninhos


Hoje estou fazendo dois aninhos. E não podia deixar de olhar pra trás e fazer uma retrospectiva do ano que passou. É, já aprendi um pouco da nostalgia dos adultos. No meu aniversário de 1 ano meus pais fizeram um arraial danado de bom pra mim. Eu tava ensaiando meus primeiros passos, ainda não caminhava com firmeza, mas brinquei a noite inteira. Muita gente foi me abraçar e me desejar muitos anos de vida. Nesse dia eu já estava doente, mas ninguém sabia. Vocês sabem como o monstro caranguejo é silencioso. E eu me desenvolvia muito bem, como qualquer criança da minha idade. Como meus pais poderiam desconfiar? Algumas horas antes da minha festa, a fotógrafa que minha mãe tinha contratado adoeceu e acabou não podendo ir. Então papai, mamãe e avós se revezaram atrás das lentes. Nas fotos reveladas, a mancha do monstro caranguejo já aparecia em meu olho. Durante algum tempo, depois de descobrir que eu estava doente, minha mãe se perguntou se a fotógrafa profissional teria percebiso algo errado e alertado meus pais. Talvez não. Ou talvez sim.

Apenas quatro meses depois desse aniversário, meus pais descobriram o monstro caranguejo escondido no meu olho. Minha mãe nunca entendeu como conseguiu olhar aquelas fotos tantas vezes e não ver que tinha algo errado. E acho que ela nunca se perdoou também. Mas isso não importa. O que vale mesmo é que apenas oito meses depois eu estou aqui, firme, forte e guloso, comemorando mais um ano de uma longa vida, falando uma língua que a cada dia é menos antoniês e mais português. Meu olhinho de vidro não me incomoda em nada: já aprendi a tirar mas às vezes faço birra pra colocá-lo de volta. Aqui em casa adotaram a política do "sinta-se bem". Não quer colocar o olho? Não coloca! Vão olhar pra mim atravessado? Atravessado olho eu que só tenho um olho!

Em agosto vou começar a estudar. Bem antes disso quero aprender a andar na minha bicicleta dos Backyardigans que minha avó me deu. Também quero aprender a nadar como meus irmãos, que são dois peixinhos. Planos pro futuro não faltam, como vocês podem ver.

Olhando pra trás, pra esse ano intenso que passou, só posso dizer, sem falsa modéstia, que sou um exemplo pros meus pais. Como mais eles descobririam que monstros podem ser derrotados?

Meus pais vibram com meus pequenos progressos como vibraram com os dos meus irmãos. Mas minhas vitórias têm um sabor melhor pra eles: elas nos lembram todos os dias que vale a pena acreditar que dias melhores virão. Sempre.