EU TENHO UM IRMÃO. ELE É BURRO E ANTA E O NOME DELE  É JOSÉ, MAS ELE É LEGAL.

Sabia que eu tava na praia, eu estava a passear na praia na hora que um menino apareceu. Ele tava com um siri. Eu peguei o balde, botei o siri no balde, passou o tempo e a mamãe disse que eu devia botar no mar. Eu        botei no mar.

Quem escreve agora é o Tonton, com suas mãozinhas, catando as teclas em busca das palavras que ele aprendeu:

eu  odeio o  colegio  diocesano

SALVE JORGE!

São Jorge foi um cara porreta que nasceu na Capadócia, num país chamado Turquia, mas que viveu como soldado por vários lugares, inclusive em Israel. Ele virou santo por vários motivos, mas tem uma história que minha mãe adora me contar: ele foi torturado até a morte mas mesmo assim não negou Jesus Cristo e a fé cristã. A mamãe acha muito bonito isso de não se deixar render pelas piores dores, e eu, que sou um menino muito forte de corpo e de espírito, também acho.

Minha mãe sempre mostrou pra mim e meus irmãos que se você olhar pra lua cheia vai ver sempre São Jorge, em cima de seu cavalo, lutando contra o dragão. Então aqui embaixo a gente recebe os raios da lua e cria coragem pra matar nossos próprios dragões, pra matar nossos leões, pra extirpar monstros caranguejos.

Foi por causa de São Jorge que minha mãe me deu esse apelido - Guerreiro - porque desde cedo eu mato dragões. Mas na verdade, o nome que a mamãe queria me dar, quando eu ainda tava na barriga dela, era Jorge, ou melhor, Jorge Luiz (porque meu avô é Luiz e meus irmãos e primo e tios são também). A mamãe queria homenagear o santo de quem ela tanto admira a força e pra quem ela sempre recorre. Mas ela não podia decidir meu nome sozinha, né? O Pedro queria Theo, o Zé queria Antonio, o papai queria Bento. E pra resolver, minha mãe escreveu os nomes em quatro papeizinhos e minha madrinha Vanessa tirou um. E o sorteado foi Antonio, que é também um nome de santo.

A mamãe não ficou triste nem nada, mas ela queria mesmo que eu me chamasse Jorge Luiz. Porque assim ela homenageava o santo, o vovô e o poeta Jorge Luiz Borges, de quem ela tanto gosta. Pouco mais de um ano depois que eu nasci, eu tive meu encontro com o monstro caranguejo e a mamãe, ao me ver lutando com tanta força, pensou que eu devia mesmo ser um filho de São Jorge. E mais tarde, quando eu já tinha trocado meu olho por um olho biônico, ela descobriu que Jorge Luiz Borges era cego do olho direito, como eu. Aí ele teve certeza que meu nome foi escolhido errado!

Mas euzinho gosto muito do meu nome Antonio Luiz. E continuo rezando toda noite a Oração de São Jorge, junto com a mamãe, pra que ele sempre me dê forças pra derrubar dragões.

Para os alunos da mamãe

Hoje eu tô muito, muito convencido! É que minha mãe chegou da UFPI à tarde e me disse que dois alunos dela se apaixonaram pelo meu bloguinho e pela minha história. É que eu sou um menino guerreiro e na verdade, nesse mundo carente de heróis, todo mundo precisa de um exemplo assim como o meu, modéstia às favas.

Então resolvi vir aqui deixar um beijo pra Nina e pro Renan, e pras primas da Nina também. Ah! E deixem seus comentários que eu adoro quando a mamãe lê pra mim!

Cada vez melhor

Olha eu e meus irmãos aí, vestidos de japoneses. Minha nova moda é fazer careta na hora de tirar foto. Mas não tem jeito, continuo lindo!

Mais um check-up

Viajo hoje a Sao Paulo pra mais uma vez checar meu olhinho. Nada demais, so exames de rotina. A novidade e que dessa vez vou com meu pai e minha avo. A mamae ta longe, muito longe, do outro lado do mundo, la naquela terra das pessoas de olhinhos puxados, um tal de Japao. O coracao dela ficou aqui, comigo e meus irmaos, mas todo o resto foi com ela. Sinto tantas saudades que as vezes nem quero falar com ela no telefone e ela chora que nem boba la do outro lado do mundo, com saudades de mim. Agora o coracao dela ta bem apertado, como toda vez que eu faco exames, e ainda mais apertado porque ela nao esta comigo dessa vez. Mas ela sabe, e eu sei, e Sao Jorge ja avisou, que nada de mal vai me acontecer de novo. Mas mae nunca acredita, ne?